Índio diz que sua filha morreu por erro médico na Fundhacre


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"Meu Pajé e nossa aldeia entendem mais de saúde que essa médica que deixou minha filha morrer", afirma Manoel Gomes, pai da vitima

Comoção e revolta marcaram o velório da índia Heimila Martins da Silva Kaninawá, 20, realizado numa funerária no bairro Bosque. Ela faleceu na última segunda-feira, 07, na Unidade de Tratamento Instensivo - UTI, da Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), após ter passado por avaliação de médicos da Maternidade Bárbara Heliodora e ter sido submetida a uma cirurgia para retirada de um natimorto.

manoel_gomes0912.jpgO índio, Manoel Gomes Kaxinawá, 48, contou ao ac24horas, que sua filha Heimila sentiu as dores do parto (prematuro) na manhã do último domingo, 06, e procurou ajuda na Maternidade onde fez vários exames, entre eles: ultrassonografia - que detectou que o feto não tinha mais vida. "A médica que atendeu minha filha, disse pra ela voltar pra casa com a criança morta dentro dela. A Heimila ouviu a doutora pegou um mototaxi, e chegou em casa com sangramentos. Foi quando as parentes dela disseram que aquilo não era pra ficar assim, tinha que ser tratado por bom um médico, e voltaram com ela para a maternidade", explica o pai. Heimila estava grávida há 8 meses.

De acordo com o índio, a grávida que não tinha histórico de problemas de saúde, foi encaminhada da Maternidade para a UTI da Fundhacre às pressas, onde teria sofrido um derrame cerebral, hipertensão (eclampsia), ainda na tarde de domingo. Mas somente na madrugada, os médicos conseguiram retirar o feto morto. Em seguida, Manoel Kaxinawá, conta que a equipe médica havia informado que sua filha tinha 5% de chances de sobreviver. Horas depois, Heimila faleceu. "Minha filha já saiu morta da maternidade, eles demoraram para fazer os atendimentos também. Eu não entendo como uma médica diz que uma mãe tem um filho morto na barriga, e manda ela ir pra casa. Isso pra mim não existe! Isso tudo foi mais que negligência,foi um erro médico grave, um absurdo", protesta o Manoel Kaxinawá.

Na manhã desta quarta-feira, 9, o assessor dos povos indígenas, Francisco Pianko, que presta ajuda para os familiares, e o Secretário Estadual de Saúde, Osvaldo Leal, agendaram uma conversa com o pai da vítima, o que ainda não ocorreu.

Manoel Kaxinawá, ainda não identificou os médicos que atenderam sua filha, mas disse que vai pedir investigação do Ministério Público Federal (MPF) e vai mover uma ação contra o Estado pelo o que ele considera "um erro médico grave". "Isso não vai trazer minha filha e meu neto de volta, mas, eu vou buscar os meus direitos para que outros parentes não passem por isso, e sejam tratados com dignidade. Se essa médica não tem condições de cuidar da vida das pessoas, deve ser afastada. Na minha aldeia, meu povo, meu pajé cuidam melhor de um doente que esses médicos", enfatizou Manoel. A aldeia Kaxinawá, fica localizada há 6 km na cidade de Tarauacá, onde Heimila será sepultada.

A redação do ac24horas, manteve contato com Osvaldo Leal, Secretário de Saúde, mas por telefone ele informou que ainda não tinha tomado conhecimento que um paciente teria falecido por suspeita de falha médica. Osvaldo disse que deveria se inteirar do assunto para depois se manifestar sobre o ocorrido com a família.

Enquanto, os familiares da índia Heimila Martins da Silva Kaninawá, não descartam a possibilidade de pedir que a justiça faça exumação do corpo para entender o que realmente ocorreu na UTI, e, que interrompeu uma vida.

Redação, ac24horas - Rio Branco, Acre

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